Pinturas do sítio de Pedra Furada, Piauí. Um dos mais antigos do país (fonte)
Quando o assunto é "Pré-história" no Brasil, temos que, antes de mais nada entender as particularidades da organização de nossos estudos. Ou seja, existe uma forma para se poder datá-lo e organizá-lo.
Talvez o Brasil seja um dos países que menos estude seu passado remoto, mas pesquisadores ao longo dos anos tem avançado heroicamente em busca, ainda que muitíssimo vago e precário, no estudo da compreensão dos mais antigos povos a habitar e formar culturais no nosso país. As descobertas no Brasil polemizaram a visão tradicional da ocupação da América. Os arqueólogos passaram a defender outras teorias sobre as grandes migrações, entre elas, a de que o homem teria chegado à América entre cerca de 150 mil e 100 mil anos atrás, vindo por correntes Malásio-Polinésias (oriundas do sudeste asiático) ou australianas (oriundas do pacífico sul), enquanto outros autores ainda pensam numa corrente migratória originada na África. Contribuem para a definição dessas teorias as similaridades entre os vestígios materiais encontrados na América com aqueles encontrados na Oceania.
O Estudo do primeiro passado
A principal forma de estudo para esse período é a arqueologia, uma vez que, até onde se sabe, os povos que aqui habitavam não possuíam nenhum tipo de escrita formada até a chegada dos modernos portugueses. Os estudos linguísticos, etnológicos e históricos têm auxiliado as pesquisas arqueológicas na medida do possível mas poucos foram os autores que tentaram (ou conseguiram) reconstruir essa história de forma panorâmica.
Devido ao termo "pré-história" hoje ser evitado por muitos acadêmicos, pois da uma ideia de que os povos sem escrita seriam povos sem história (o prefixo “pré” indica anterioridade, ou seja, período “anterior à história”). No contexto da história do Brasil, essa nomenclatura não aceitaria que os indígenas tivessem uma história própria. Por isso, chama-se todo o período anterior a chegada oficial da armada portuguesa nessa terra, protagonizada por Pedro Álvares Cabral de história pré-cabralina ou período pré-cabralino da história do Brasil.
A chamada "pré-história" tradicional divide-se em paleolítico, mesolítico e neolítico. Porém, atualmente, essa periodização tem sido revista no mundo todo. No Brasil, alguns autores preferem trabalhar com as épocas geológicas do atual período quaternário: o pleistoceno e o holoceno. Neste sentido, a periodização mais aceita e que melhor cabe a nossa história se divide em: pleistoceno (caçadores e coletores até 12.000 anos atrás) e holoceno, sendo que este último pode ser subdividido em:
- Arcaico antigo (12.000 a 9.000 anos atrás)
- Arcaico médio (9.000 a 4.500 anos atrás)
- Arcaico recente (de 4.000 anos atrás até a chegada dos europeus).
Outro detalhe é que é preferível uso da abreviação "a.p." (antes do presente) para referir-se aos anos de acontecimento de cada período.
Breve Histórico
O primeiro estudioso a se indagar sobre o passado brasileiro foi o dinamarquês Peter Wilhelm Lund. naturalista foi responsável pelo estudo de várias reminiscências de plantas antigas nas grutas de Lagoa Santa (Minas Gerais), onde se fixou, entre 1834 e 1880. Em suas buscas, chegou a encontrar ossos humanos misturados a esses vestígios pré-históricos, um dos primeiros achados que contradizia a teoria da criação bíblica. Foi o primeiro a defender a antiguidade do homem americano, baseado em achados arqueológicos, mas não conseguiu convencer a comunidade científica da época.
No segundo reinado, Dom Pedro II implantou as primeiras entidades de pesquisa, como o Museu Nacional do Rio de Janeiro. Em 1922, surgiram outras organizações como o Museu Paulista e o Museu Paraense e alguns centros de pesquisa (sambaquis, as estearias, os mounds, hipogeus, cavernas)
Alguns estrangeiros começaram a vir para o País em 1950, explorando sítios arqueológicos na Amazônia, no Pará, no Piauí, no Mato Grosso e na faixa litorânea. Em 1961, todos os sítios arqueológicos foram transformados por lei em patrimônio da União, a fim de evitar sua destruição pela exploração econômica.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) registrou 8.562 sítios arqueológicos.
O Brasil e a América dos seus mais antigos habitantes
As datas mais longas no tempo para a habitação de terras brasileira é considerada coberta de especulação, porém, irei mostrar os principais prós e contras. De qualquer forma, pode-se admitir hoje de forma geral que o Brasil foi ocupado há mais ou menos 60 mil anos atrás, no que diz respeito aos achados Piauí estarem certos. No final do período pleistocênico a temperatura variou amplamente em fases de expansão e contração das geleiras. Acredita-se que as temperaturas eram mais frias no pleistoceno do que no holoceno, quando sofreram um aumento considerável. No começo do período arcaico médio, o nível do mar se encontrava 10 metros abaixo do atual. Muitas regiões do país, como o Piauí, por exemplo, eram muito mais úmidas do que o são hoje.
Até hoje, se tem que a humanidade não nasceu na América, mas sim que elementos humanos vindos de outro(s) continentes teriam adentrado-a em cerca do final do Pleistoceno (1) (período geológico entre 2.000.000 e 10.000 a.p.) mas quando exatamente e por onde ninguém provou ainda. O povoamento do atual território brasileiro é visto dentro do panorama geral da colonização humana das Américas.
As primeiras teorias sobre o surgimento da humanidade nas Américas creditavam que ancestrais direitos dos povos asiáticos teriam adentrado no continente a partir da passagem no Estreito de Bering a cerca de 12.000 anos. O que estaria justificado nos traços mongólicos dos indígenas. Mas depois, ainda no século XX, começou-se a ver que nem todos os mais antigos habitantes eram descendentes raciais desses povos. Pesquisadores estadunidenses creditavam a cultura Clóvis (11.500 anos) e a posterior cultura de Folsom no hemisfério norte como as mais antigas do continente. Entretanto isso mudou.
Na época em que essa teoria se apresenta, a temperatura nessa região do hemisfério era em média de 6 a 11 graus mais fria.
O fóssil "Luzia" achado em Lagoa Santa (MG), no Brasil, até agora comprovadamente o mais antigo das Américas, foi identificado tendo traços negroides e de aborígene australiano. O que criou a tese de que outras populações teriam vindo pelo sul do Oceano Pacífico a partir do que hoje é o continente da Oceania. Mas como diz o pesquisador brasileiro André Pröus:
Em Mato Grosso e Minas Gerais, no Centro-oeste e Sudeste do Brasil, sítios do abrigo de Santa Elina e Lapa Vermelha revelam também indícios de povoamento por volta de 15.000 e 30.00 (2) anos atrás mas da mesma forma, sem conclusão decisiva até então.
Eles deveriam viver em sociedades pequenas. Grupos de poucos mas suficientes para evitar o isolamento genético. Por serem itinerantes, é raro e difícil encontrar vestígios arqueológicos desses períodos. Mas se sabe bastante sobre como era o continente nessa época.
A 20.000 e 12.000 anos atrás, a costa das praias era bem distante do que é hoje. Oque pode indicar que seus vestígios hoje estejam debaixo do mar. As temperaturas eram em média 6 graus mais baixas. O que indica que no sul, o inverno era muito rigoroso tanto quanto as geadas nas terras altas no sul de Minas, onde existiram florestas como a do Planalto paranaense predominando a Araucária. Uma grande parte do Centro-Oeste e Nordeste brasileiro era mais seco que hoje e as paisagens de cerrado eram muitíssimo maiores, oque tornava-se perfeito para a proliferação da mega-fauna existente e hoje extinta: a preguiça gigante, mastodontes, toxodontes e camelídeos e os predadores tigres-dentes de sabre. Os últimos de sua raça. Além de pequenas espécies de ursos.
Possivelmente, essas primeiras populações poderiam ser caçadoras, mas existem poucos ou nenhum vestígio disso, pois essa mega-fauna viveu até cerca de 9.500 anos atrás, sumindo junto as mudanças climáticas da última glaciação da terra (glaciação Würm) e as consequentes mudanças de ecossistema. Mas há um vestígio significante em um sítio na Bahia, com ossos de preguiça e materiais de pedra para corte e em Lagoa Santa, uma bacia de mastodonte com cortes para esse fim, como forma predatória. No citado Monte Verde, no Chile, ossos e pele de mastodonte foram usados até nas moradias. Importante dizer que aqui, não existem indícios conclusivos desses materiais de caça em pedra.
A "raça de Lago Santa". Os mais antigos homens nas Américas viviam no Brasil!
Os vestígios dessas populações começam entre 12.000 e 8.000 anos atrás, inquestionáveis existem em vários lugares do território nacional. Apesar de todos os sítios serem abrigos sob rocha, não quer dizer que eles morassem lá, mas apenas os vestígios que nesses locais são melhor preservados. Sua casas eram provavelmente a céu aberto, mas não deixaram provas.
Ao norte de Belo Horizonte, Lagoa Santa e Serra do Cipó tem a maior coleção de ossadas humanas para estudo da América. Por serem aparentadas entre si, forma a suposta raça de Lagoa Santa. Diferente da indígena mongólica, pois se assemelha a negroide e aborígene australiana. O mais antigo esqueleto é o de "Luzia" (3) Encontrado no abrigo n IV da Lapa Vermelha, datando de entre 11 ou 12.500 e 13.000 anos atrás.
Fontes
Ambiente Brasil
Feathers, James; R. Kipnis; L. Piló; M. Arroyo & D. Coblentz (2010) "How old is Luzia? Luminescence dating and stratigraphic integrity at Lapa Vermelha, Lagoa Santa, Brazil"; Geoarchaeology 25 (4): 395–436.
Gabriela Martin (1997). "Pré-história do Nordeste do Brasil"
Águeda Vilhena Vialou (2006). "Pré-história do Mato Grosso: Cidade de Pedra - Página 202"
PRÖUS, André. "O Brasil antes dos brasileiros", 2 edição.
Notas
1 - Antecede o período atual de nossa era, o Holoceno
2 - PRÖUS, André. "O Brasil antes dos brasileiros", 2 edição. pg 15
3 - Apelidou-se "Luzia" em referencia ao fóssil de "Lucy", de 3 milhões de anos encontrado na África. O mais antigo fóssil humano do mundo já encontrado.
Veja Também
Peter Lund - o pai da arqueologia brasileira
As primeiras teorias sobre o surgimento da humanidade nas Américas creditavam que ancestrais direitos dos povos asiáticos teriam adentrado no continente a partir da passagem no Estreito de Bering a cerca de 12.000 anos. O que estaria justificado nos traços mongólicos dos indígenas. Mas depois, ainda no século XX, começou-se a ver que nem todos os mais antigos habitantes eram descendentes raciais desses povos. Pesquisadores estadunidenses creditavam a cultura Clóvis (11.500 anos) e a posterior cultura de Folsom no hemisfério norte como as mais antigas do continente. Entretanto isso mudou.
"[...] No entanto, as pesquisas realizadas nos últimos decênios revelaram uma presença humana inquestionável entre 11.500 e 13.000 anos atrás na América do Sul - particularmente no sul do Chile (em Monte Verde), no Brasil central (Lapa do Boquete, em Minas Gerais, e Santa Elina, no Mato Grosso, no Nordeste e na Amazônia (Monte Alegre). Como é consenso quase geral que os primeiros povoadores da América chegaram pela Beríngia, isso significa que estavam presentes na América do Norte já haviam milênios, portanto, anteriormente à Cultura Clóvis. Nos últimos anos, sítios como Cactus Hill (EUA), com datação entre 12.000 e 25.000 anos, apresentam indícios bastante convincentes de ocupação nesse período, e alguns outros ganham credibilidade também na América do Sul." - PRÖUS, André. "O Brasil antes dos brasileiros", 2 edição. pg 15.
Na época em que essa teoria se apresenta, a temperatura nessa região do hemisfério era em média de 6 a 11 graus mais fria.
Esse mapa contém as teorias de povoamentos humanos das Américas até então mais credíveis. Porém, as descobertas realizadas ao longo do século XX no Brasil e em outras partes das Américas desbancam todas as datas pré-estabelecidas
O fóssil "Luzia" achado em Lagoa Santa (MG), no Brasil, até agora comprovadamente o mais antigo das Américas, foi identificado tendo traços negroides e de aborígene australiano. O que criou a tese de que outras populações teriam vindo pelo sul do Oceano Pacífico a partir do que hoje é o continente da Oceania. Mas como diz o pesquisador brasileiro André Pröus:
"[...] As pesquisas posteriores mostraram que a presença do homem nas ilhas do Pacífico era muito recente, e a ideia foi abandonada" - PRÖUS, André. "O Brasil antes dos brasileiros", 2 edição. pg 13.Os vestígios humanos de habitantes a partir de cerca de 11.000 anos atrás é evidentes nos sítios que contém o abrigo sob rocha de Pedra Furada, no Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí (Brasil). Datas bem anteriores também são creditas nesse local, colocando o Nordeste brasileiro como o mais antigo lugar de povoação humana das Américas mas sem comprovação científica devidamente consensual até hoje.
O Estreito de Bering liga os oceanos Pacífico e Ártico entre a Rússia na parte da Sibéria oriental e os Estados Unidos na parte noroeste do estado do Alasca. Durante parte do Pleistoceno esse estreito estaria emerso pois ao longo do ultimo período glacial da terra (Würm), as precipitações ficaram retidas na forma de gelo, principalmente nessas regiões polares. A cerca de 18.000 anos atrás isso havia provocado um deficit hídrico e um rebaixamento do nível do mar em cerca de 120 metros se comparado ao atual (fonte)
Em Mato Grosso e Minas Gerais, no Centro-oeste e Sudeste do Brasil, sítios do abrigo de Santa Elina e Lapa Vermelha revelam também indícios de povoamento por volta de 15.000 e 30.00 (2) anos atrás mas da mesma forma, sem conclusão decisiva até então.
Eles deveriam viver em sociedades pequenas. Grupos de poucos mas suficientes para evitar o isolamento genético. Por serem itinerantes, é raro e difícil encontrar vestígios arqueológicos desses períodos. Mas se sabe bastante sobre como era o continente nessa época.
A 20.000 e 12.000 anos atrás, a costa das praias era bem distante do que é hoje. Oque pode indicar que seus vestígios hoje estejam debaixo do mar. As temperaturas eram em média 6 graus mais baixas. O que indica que no sul, o inverno era muito rigoroso tanto quanto as geadas nas terras altas no sul de Minas, onde existiram florestas como a do Planalto paranaense predominando a Araucária. Uma grande parte do Centro-Oeste e Nordeste brasileiro era mais seco que hoje e as paisagens de cerrado eram muitíssimo maiores, oque tornava-se perfeito para a proliferação da mega-fauna existente e hoje extinta: a preguiça gigante, mastodontes, toxodontes e camelídeos e os predadores tigres-dentes de sabre. Os últimos de sua raça. Além de pequenas espécies de ursos.
Possivelmente, essas primeiras populações poderiam ser caçadoras, mas existem poucos ou nenhum vestígio disso, pois essa mega-fauna viveu até cerca de 9.500 anos atrás, sumindo junto as mudanças climáticas da última glaciação da terra (glaciação Würm) e as consequentes mudanças de ecossistema. Mas há um vestígio significante em um sítio na Bahia, com ossos de preguiça e materiais de pedra para corte e em Lagoa Santa, uma bacia de mastodonte com cortes para esse fim, como forma predatória. No citado Monte Verde, no Chile, ossos e pele de mastodonte foram usados até nas moradias. Importante dizer que aqui, não existem indícios conclusivos desses materiais de caça em pedra.
A "raça de Lago Santa". Os mais antigos homens nas Américas viviam no Brasil!
Os vestígios dessas populações começam entre 12.000 e 8.000 anos atrás, inquestionáveis existem em vários lugares do território nacional. Apesar de todos os sítios serem abrigos sob rocha, não quer dizer que eles morassem lá, mas apenas os vestígios que nesses locais são melhor preservados. Sua casas eram provavelmente a céu aberto, mas não deixaram provas.
Ao norte de Belo Horizonte, Lagoa Santa e Serra do Cipó tem a maior coleção de ossadas humanas para estudo da América. Por serem aparentadas entre si, forma a suposta raça de Lagoa Santa. Diferente da indígena mongólica, pois se assemelha a negroide e aborígene australiana. O mais antigo esqueleto é o de "Luzia" (3) Encontrado no abrigo n IV da Lapa Vermelha, datando de entre 11 ou 12.500 e 13.000 anos atrás.
Sendo ela, o fóssil humano mais antigo encontrado nas Américas. Encontrado pela arqueóloga francesa Annette Laming-Emperaire na década de 1970 o fóssil dessa mulher pré-histórica contribui para reacender um antigo debate em torno das origens do homem americano. De acordo com o paleoantropólogo Walter Neves, responsável por batizar o fóssil, a morfologia do crânio de Luzia a aproximaria dos atuais aborígenes da Austrália e nativos da África.
Reconstituição computadorizada de Luzia, o fóssil mais antigo das Américas (fonte)
Neves aventou a hipótese de que, portanto, a ocupação da América foi mais antiga do que até então se imaginava, embora não recuando muito no tempo (cerca de 14 mil anos antes do presente), e que foi realizada por povos de regiões distintas, como a Oceania e a África.
Desconheciam a cerâmica e que sua indústria lítica era relativamente simples. Pesquisas recentes, contudo, afirmam que esses homens eram sedentários. Achados como enterros numerosos e uso de matérias-primas existentes apenas neste local reforçaram estas ideias. Uma análise das cáries nos dentes destes americanos demonstra que eles, embora não tivessem agricultura, se aproveitavam intensamente de recursos vegetais.
Em 2005, uma reportagem da Folha de São Paulo noticiava dois crânios humanos muito antigos, desenterrados em locais tão distantes quanto o vale do Ribeira, em São Paulo, e o Vale Central do México, estão ajudando a confirmar uma hipótese sobre o povoamento das Américas. Os fósseis têm 8,8 mil e 10,7 mil anos, respectivamente, e estão entre os vestígios humanos mais antigos do continente. Medições realizadas em ambos mostram que eles eram fisicamente semelhantes a Luzia.
Para o citado antropólogo Walter Neves, hoje professor do Instituto de Biociências da USP, e seu colega Héctor Pucciarelli, da Universidade de La Plata, Argentina, essa população, que a dupla chama "paleoíndia", teria cruzado o estreito de Bering, entre Sibéria e Alasca, há cerca de 15 mil anos, tendo sido extinta devido a algum tipo de competição com os mongoloides, avós dos índios atuais (o segundo componente biológico), que imigraram depois. Seria possível que tal competição tenha envolvido guerras, ou que os paleoíndios tenham sido totalmente absorvidos pela população mongoloide --supostamente muito mais numerosa-- por meio de miscigenação.
Outra explicação possível é que a "mongolização" dos paleoíndios tenha ocorrido paralelamente na Ásia e na América, a partir de uma única população original, não existindo, portanto, duas ondas migratórias.
Fato é que todos os crânios de idade igual ou superior a 8.000 anos analisados pelo grupo de Neves, desenterrados principalmente na região de Lagoa Santa, em Minas Gerais (onde foi descoberta Luzia), têm traços africanos.
Conclusão
Esses sítios apresentados e evidências são apenas alguns dos mais credíveis apresentados até hoje pela arqueologia brasileira e não correspondem ao imenso arsenal encontrado no território do pais até hoje. Podemos concluir dai que é imprescindível uma reformulação total a cerca do que conhecemos sobre as origens mais distantes dos povoadores da América antes dos Europeus. A muito oque se descobrir ainda e isso é apenas um esboço pois existe uma dificuldade devido a falta de conclusão em criar um padrão e evolução para o conteúdo geral dos achados.
Ambiente Brasil
Feathers, James; R. Kipnis; L. Piló; M. Arroyo & D. Coblentz (2010) "How old is Luzia? Luminescence dating and stratigraphic integrity at Lapa Vermelha, Lagoa Santa, Brazil"; Geoarchaeology 25 (4): 395–436.
Gabriela Martin (1997). "Pré-história do Nordeste do Brasil"
Águeda Vilhena Vialou (2006). "Pré-história do Mato Grosso: Cidade de Pedra - Página 202"
PRÖUS, André. "O Brasil antes dos brasileiros", 2 edição.
Notas
1 - Antecede o período atual de nossa era, o Holoceno
2 - PRÖUS, André. "O Brasil antes dos brasileiros", 2 edição. pg 15
3 - Apelidou-se "Luzia" em referencia ao fóssil de "Lucy", de 3 milhões de anos encontrado na África. O mais antigo fóssil humano do mundo já encontrado.
Veja Também
Peter Lund - o pai da arqueologia brasileira
Comentários
Postar um comentário